terça-feira, 27 de abril de 2010



A Literatura nos torna mais compreensivos e abertos para a natureza, para a sociedade e para o semelhante


A escola é um espaço social único, devido à interação de diferentes pessoas e pensamentos, e isso a torna parcialmente responsável pelo ser humano que atua e atuará na sociedade: mais humano ou mais material. Embora, as condições humanas oferecidas pela sociedade contemporânea não respeitem e não incentivem o homem a buscar as suas realizações de forma digna e ética _ respeitando a si mesmo, ao próximo, ao ambiente_ é possível acreditar que, o ser humano nasceu para sonhar, buscar a realização de seus sonhos, afinal, ainda que, o homem seja um produto da transformação do meio social, é biológico. E, mesmo que sua biologia se adapte às necessidades de sobrevivência, a sua natureza antológica clama pelo convívio social ético e humano.
O momento histórico atual da educação trata de ações políticas e pedagógicas construídas no trabalho coletivo, na vivência, no diálogo. Na interação das pessoas e do conhecimento. Já na origem da educação; o aprender se estabelecia nas praças, nos liceus e nas Academias de Atenas, e não em salas fechadas com alunos inertes, memorizando o que lhes é transferido, baseado em programas de instrução forçada que valorizam a memorização.
Segundo o Professor Paulo Freire, a capacidade de aprender, não significa apenas adaptação, mas a faculdade para transformar a realidade, para nela intervir. Deste modo, a educação contemporânea não pode ser fundamentada na memorização de dados científicos, mas no conhecimento dos dados históricos da humanidade como elementos informativos necessários para a formação de um homem e de uma sociedade conscientes de sua existência e de sua responsabilidade diante do espaço que ocupam no universo.
Para Paulo Freire homens e mulheres são capazes de dignificantes testemunhos, mas também de impensáveis exemplos de baixeza e de indignidade e segundo as palavras finais de Eglantyne Jebb1[1], em uma geração, o mundo poderá mudar para o bem ou para o mal, e isso dependerá da nossa atitude com as crianças. O ensino da Literatura pode contribuir para que os estudantes reflitam conscientemente sobre seus atos, pois ela é uma necessidade que deve ser satisfeita sob pena de mutilar a personalidade, porque dá forma aos sentimentos e liberta para compreender o homem e o mundo.
No contexto escolar é possível verificar que dentre as disciplinas ministradas, a Literatura é uma das áreas propulsoras para o resgate dos valores sufocados em cada ser humano, pois seus conteúdos contribuem significativamente para tornar os seres envolvidos no processo de aprendizagem mais sensíveis uns com os outros e com o ambiente.
Para Antonio Cândido, a Literatura desenvolve a quota de humanidade (reflexão, aquisição de saber, relacionamento, afinamento das emoções, capacidade de penetrar nos problemas da vida, o senso da beleza, a percepção da complexidade do mundo e dos seres, o cultivo da humana) na medida em que nos torna mais compreensivos e abertos para a natureza, para a sociedade e para o semelhante.
Por isso a escola não pode deixar, principalmente, que crianças e jovens passem por ela sem assegurar a apropriação e a vivência dos saberes literários que poderão transformar a sua realidade. O ensino da Literatura não pode limitar se à leitura utilitarista, subsidiando o uso da escrita, passando superficialmente pelo conceito de Literatura sem entendimento.
Infelizmente, sabe-se que, os conteúdos de Literatura no Ensino Médio acabam sendo pouco aprofundados devido à carga horária limitada da disciplina de Língua Portuguesa e Literatura, da dificuldade de material adequado, da falta de leitura do próprio docente, do pouco tempo para preparo das aulas. Esses fatores implicam em excluir o estudante da aquisição do verdadeiro significado do que é Literatura.
Para Antônio Cândido, a Literatura é indispensável, é uma necessidade humana, é manifestação universal; pois ninguém passa 24 (vinte e quatro) horas sem a presença do fabulado, de modo que a ficção e a poesia estão tão presentes tanto no erudito quanto no analfabeto. Portanto, a Literatura é o sonho acordado, e é indispensável ao equilíbrio social. Ela é fator indispensável de humanização, pois confirma o homem na sua humanidade, porque atua no subconsciente e no inconsciente.
Seguindo o pensamento de Antônio Cândido de que a Literatura permite ordenar os pensamentos e os sentimentos humanos para se organizar a visão do mundo e de si mesmo diante do outro e do universo, por que então o ensino de Literatura, que deveria ter um espaço próprio para aprofundamento de seus conteúdos, é tido como pouco útil à prática social e às necessidades da sociedade, no entanto a Literatura é imprescindível para a penetração nos problemas e a busca de soluções.
Limitar o ensino da Literatura é promover maior desigualdade social, pois tanto à “elite” quanto às massas têm necessidade do bom ensino dos conteúdos literários. Por isso, é necessário discutir e propor metodologias que resgatem o ensino da Literatura, a partir da compreensão do conceito de Literatura e da sua contribuição na formação do ser humano.

http://www.diaadiaeducacao.pr.gov.br

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